Galileu é um dos cientistas relativamente mais conhecido dos brasileiros. A comunidade de físicos, professores de ciências, o teatro, as inúmeras controvérsias e o reexame da sua condenação, em 1633, pelo Papa João Paulo II, em 1983, contribuíram muito para que adquirisse alguma popularidade. A bem da verdade, esse fato se consolidou ao preço de deformações históricas bastante graves. Os mitos criados em torno da figura e da obra de Galileu talvez se devam ao fato de que seus textos são tão pouco lidos quanto seu nome é citado. Talvez predomine a força de interpretações clássicas, em parte influenciadas pelo Positivismo, ou, ainda, o conforto de interpretar um fato histórico à luz de interesses circunstanciais.
Entre as crenças mais comuns está o experimentalismo; são corriqueiras as referências a ele como "o pai da ciência experimental". Há relatos detalhados, meio romanceados, dos inúmeros feitos galileanos. Os mais curiosos são o relato da "experiência de Pisa" e a descrição da descoberta do isocronismo do pêndulo. Permanece ainda a idéia de que antes de Galileu, os filósofos e astrônomos aristotélicos simplesmente não viam o mundo; suas teorias seriam puramente especulativas, completamente dissociadas das observações. Não foi bem assim que aconteceu. O papel de Galileu nesse aspecto não foi introduzir o dado empíico-sensitivo no pensamento científico, mas o conteúdo que a observação do mundo passou a ter para a ciência.
Para Galileu, a Natureza revela seus segredos quando as perguntas são formuladas matematicamente; a observação passa a ser com ele, a experimentação. Não basta mais observar as coisas, trata-se de "construir um fenômeno", ou seja, estruturar uma pergunta inserida num contexto teórico, que receberá como resposta um número, um ente matemático.
Outro mito também bastante difundido no Brasil é o do cientista apolítico, vítima de uma Igreja furiosa e monolítica. Muitos estudos realizados nos últimos 60 anos mostram que essa imagem é inteiramente fantasiosa.
A verdade é que os mais perigosos adversários de Galileu não eram os padres obscurantistas. A trama que conduz à condenação de Galileu foi orquestrada pela poderosa Companhia de Jesus, que dispunha para o combate de alguns dos melhores astrônomos, matemáticos e filósofos da época. A Igreja Católica não era monolítica; mesmo entre os jesuítas havia aqueles que defendiam o heliocentrismo.
Em contraposição, Galileu em nada se assemelha ao homem de exclusivos interesses científicos. Sua habilidade e seus vínculos políticos ficam evidentes quando ingressa num grupo de intelectuais muito influentes em Roma, que circulava com facilidade em diversas cortes européias.
Outra crença baseia-se no fato de que apenas se divulgam notícias relativas às grandes descobertas ou àquelas que se afirmaram corretas pelas gerações de cientistas posteriores. É o mito da antecipação e da perfeição absoluta.
Galileu, fiel a seu temperamento, chega a "forçar a barra" em alguns momentos. Mas, mesmo aqui, emerge uma beleza no esforço quase desesperado de convencimento sobre uma nova imagem do mundo. Afinal, Galileu viu o que nenhum homem observara antes dele, e isso, como se refletindo a natureza da trajédia, fará com que ele termine seus dias praticamente cego.
Entre as crenças mais comuns está o experimentalismo; são corriqueiras as referências a ele como "o pai da ciência experimental". Há relatos detalhados, meio romanceados, dos inúmeros feitos galileanos. Os mais curiosos são o relato da "experiência de Pisa" e a descrição da descoberta do isocronismo do pêndulo. Permanece ainda a idéia de que antes de Galileu, os filósofos e astrônomos aristotélicos simplesmente não viam o mundo; suas teorias seriam puramente especulativas, completamente dissociadas das observações. Não foi bem assim que aconteceu. O papel de Galileu nesse aspecto não foi introduzir o dado empíico-sensitivo no pensamento científico, mas o conteúdo que a observação do mundo passou a ter para a ciência.
Para Galileu, a Natureza revela seus segredos quando as perguntas são formuladas matematicamente; a observação passa a ser com ele, a experimentação. Não basta mais observar as coisas, trata-se de "construir um fenômeno", ou seja, estruturar uma pergunta inserida num contexto teórico, que receberá como resposta um número, um ente matemático.
Outro mito também bastante difundido no Brasil é o do cientista apolítico, vítima de uma Igreja furiosa e monolítica. Muitos estudos realizados nos últimos 60 anos mostram que essa imagem é inteiramente fantasiosa.
A verdade é que os mais perigosos adversários de Galileu não eram os padres obscurantistas. A trama que conduz à condenação de Galileu foi orquestrada pela poderosa Companhia de Jesus, que dispunha para o combate de alguns dos melhores astrônomos, matemáticos e filósofos da época. A Igreja Católica não era monolítica; mesmo entre os jesuítas havia aqueles que defendiam o heliocentrismo.
Em contraposição, Galileu em nada se assemelha ao homem de exclusivos interesses científicos. Sua habilidade e seus vínculos políticos ficam evidentes quando ingressa num grupo de intelectuais muito influentes em Roma, que circulava com facilidade em diversas cortes européias.
Outra crença baseia-se no fato de que apenas se divulgam notícias relativas às grandes descobertas ou àquelas que se afirmaram corretas pelas gerações de cientistas posteriores. É o mito da antecipação e da perfeição absoluta.
Galileu, fiel a seu temperamento, chega a "forçar a barra" em alguns momentos. Mas, mesmo aqui, emerge uma beleza no esforço quase desesperado de convencimento sobre uma nova imagem do mundo. Afinal, Galileu viu o que nenhum homem observara antes dele, e isso, como se refletindo a natureza da trajédia, fará com que ele termine seus dias praticamente cego.
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